terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mãe Negra



Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
De mansinho, pela estrada.

Que é feito desses meninos
Que gostava de embalar?

Que é feito desses meninos
Que ela ajudou a criar?
Quem ouve agora as histórias
Que costumava contar?

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,
Como eu sei tudo
Mãe-Negra

Os teus meninos cresceram,
E esqueceram as histórias
Que costumavas contar.

Muitos partiram p'ra longe,
Quem sabe se hão-de voltar

Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada.

1 comentário:

Antônio disse...

E esse poema me remete a muitas coisas! Me lembro da minha postura diferente em relaçao às noites, como as passo agora, como as passava... e me remete tb a como eu agia, nao so em relaçao a noite, mas em relaçao a muitas coisas, que hoje em dia tenho posturas diferentes... Adorei essa poesia