segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sem assunto


Não sei o que escrever... Tenho, ultimamente, sentido um enorme vazio de sensações. Falta de "coisas" que não sei bem o que são. Demasiadas certezas para quem sabe to pouco, e se sente tão pequena. O branco de uma folha de papel assusta, mas o negro da tinta também. E o refúgio é sempre o mesmo: as minhas horas de observação do mundo. Vou construindo poemas soltos que, como Cesário Verde, descrevem o que passa, o que vejo. Mas rapidamente vão e não voltam. O cenário rasgou e a campânula de vidro onde guardo as memórias partiu. E não só me escaparam aquelas memórias imediatas como as mais longínquas correm agora pelas pedras da calçada. E fico nua, ali, parada, sem sentido e direcção, para quem quiser saber mais que eu sobre a minha própria vida. E quando o cansaço é pesado demais, e a loucura começa a ser o nosso alimento mais doce, deixo-me ir sem saber por onde vou, sem saber como voltar a superfície... mas vou.
Quando volto? Não sei... as vezes demoram horas, minutos, dias, segundos, meses, semanas, anos...
Quando acordo passaram só duas horas, trinta e sete minutos e vinte e quatro segundos. Mas a loucura fez-me bem!

Troco a folha branca que tanto me assusta por uma azul pálido, e a tinta preta da caneta que teimava em não fluir por um lápis de carvão abandonado no banco de metro.
E desenhei... as pessoas, as vidas, os mesmos olhares e olhares diferentes...
A vida tornou-se simplesmente mais simples.
Viva o insano da mente tão pouco citado!

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