Ali estavas tu... Tinha passado os ultimos 7 anos a imaginar como seria olhar para ti de novo. Parecias perdido, vazio. Com o teu olhar atarefado e com a tua cabeça a rodar de um lado para outro á procura de um som, de algo que denunciasse algo. Do outro lado da rua eu ria, sorria, alegrava-me ver a tua anciedade. Sentaste-te na bordinha do passeio, como dantes faziamos e brincaste com as pedras brancas do alcatrão, como dantes faziamos (aquelas pedrinhas a que tu chamavas "diamantis" e me oferecias dentro de um papel enrolado). Levantaste-te. Assustei-me. Ias embora? Não... E ainda bem... Assim podia ficar a olhar-te mais um bocadinho. A observar-te. A ti e ao teu desassossego. O teu olhar assustado fundia-se na tua impaciencia. Adoro-te. Morri... De repente! O teu olhar passou por mim como uma flecha. Senti os joelhos a tremer. Será que me reconheceu? Não... E ainda bem... Assim podia ficar a olhar-te mais um bocadinho. Suspiraste... Eu suspirei por te ver suspirar. Afinal, respiras o mesmo ar que eu! Dei-me conta que nao estava só naquela rua contigo. Tive medo que alguem me roubasse o teu desassossego. Acordei... Passados 7 anos. E que esperava eu? Mais 7 minutos? Não... E ainda bem... Peguei em mim com uma mão e na outra levava o coração. Atravessei a rua na passadeira e parei atrás de ti. Cheiravas bem. Cheiravas aquele perfume que eu te tinha oferecido á precisamente 7 anos. Inspirei. Expirei. E lancei a original palavra de cumprimento. Passados 7 anos a única coisa que eu te disse foi "Olá!". Tu viraste-te, de repente talvez... A mim pareceu-me uma eternidade. Finalmente, passados 7 anos, tu olhaste para os meus olhos. Continuavam lindos os teus. Os mesmos olhos de menino em tua expressao de maturidade. Sorriste. Retribuíste a original palavra com que te cumprimentei. Abraçamo-nos. Falaste-me ao ouvido que tinhas posto o meu perfume. Eu sei. Vamos? Sim. Deste-me a mão. E começamos a andar pelo passeio. O passeio e a rua molhados e as luzes da cidade que nada tímidas mostravam todo o seu reflexo espelhado na chuva que caía miudinha sussurraram ao ouvido "Estás feliz?" e em coro dissemos "Sim!".
Sem comentários:
Enviar um comentário