terça-feira, 11 de março de 2008

As Notas de Bolso de Miss Landisson

Os olhos perdem-se na insegurança de quem bebe as palavras que saem de bocas alheias sem sequer as questionar. Bebe os gestos, os olhares, os pensamentos. Das vontades se alimenta e se constrói. É do contra, é contra tudo e contra nada se manifesta. É o laranja do sol-posto. É o azul que tinge o mar. É a estrada de alguém percorrida por si mesma. E em si mesma se envolve, procurando aconchego.

Dilema. Quando sorrimos demais parecemos falsos, se sorrimos de menos somos antipáticos. Se rimos em gargalhadas somos descontrolados, se não damos uma gargalhada somos retraídos e infelizes. Se falamos muito, falamos demais. Se falamos pouco, não falamos. Se exprimimos sentimentos pelas feições da cara somos exagerados, se não as exprimimos somos tímidos... mais vale ficar em casa hoje.

água. Areia. Sal. O que se segue? Sopa da pedra.

Desejo ter algo que me aqueça. Não porque tenho frio mas simplesmente para poder dar algum calor.

Boneca de porcelana abandonada. Se vivesses. Se falasses. Que não viste tu já deste mundo meu? Olhos verdes-azuis-acastanhados. Vestido branco com cetim encarnado. Lábios pequenos, pele luzidia. Seres eu por um dia.

A luz. Provém a ideia de uma salvação. Algo que aquece, que ilumina, que traz conforto e segurança. Boa ideia. Sucesso. E pensar que tenho três candeeiros no meu quarto e nenhum deles me ilumina. Como janelas que rasguei na parede, para poder respirar, sem nunca as abrir por não ter falta de ar. As ideias que me surgem parecem “desiluminadas”. Parecem longe daquilo que busco. Mas são minhas. E levam sempre a algum lugar.

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